Bettencourt conduz o Sporting para a banalidade?

Não é novidade o momento de profunda tensão que se vive em Alvalade. Um dos clubes do mundo com mais títulos nas variadas competições encontra-se arredado dos mesmos a nível futebolístico, já faz muito tempo. Ao olharmos para o passado recente do Sporting, as conquistas resumem-se a "algumas taças" na era Paulo Bento e...pouco mais. A que se deve esta ausência de títulos? 

Numa primeira abordagem, poderá falar-se em falta de competência a nível dos dirigentes. Depois de Filipe Soares Franco, a entrada de José Eduardo Bettencourt para a presidência dos leões foi vista como um projecto de continuidade no trabalho que havia sido feito até então. Ao longo de um ano e meio de mandado, Bettencourt é visto como um dos principais culpados para o actual momento leonino. Se não vejamos: foram perto de 30 milhões gastos em jogadores e o rendimento dos mesmos foi...0! De Pongolle a Matías Fernandez, passando por Angulo ou Hildebrand, as abordagens a nível de mercado foram um desastre por completo, pagando muito e reaver quase nada.

Um dos muitos enigmas que estão por explicar para os lados de Alvalade é a contratação de Costinha para director-desportivo dos leões. O antigo jogador do FC Porto, assinou contrato ainda antes de terminar a carreira de jogador e sem qualquer experiência, assumindo um cargo que acarreta responsabilidades. Durante o seu "reinado", Costinha trouxe para a Alvalade não mais do que alguns amigos. Maniche e Valdés são um bom exemplo disso, jogadores que nunca trarão fundos aos cofres do Sporting. Afinal qual é a politica de mercado dos dirigentes leoninos? Com vários jogadores acima dos 30 anos  no 11 titular (Mendes, Abel, Maniche, Polga, Liedson...) e num plantel onde a qualidade é escassa, o olhar para o futuro verde e branco deve ser pragmático. Afastado da luta do título, fora da taça de Portugal, este é mais um ano penoso para os adeptos e todos aqueles que gostam de futebol. Não se compreende como é possível um clube como o Sporting contratar um jogador como Tales de Souza que não passa nos testes no Sp.Braga ou pura e simplesmente ter o primeiro presidente remunerado da sua história, depois de anos a fio a combater o passivo e a reduzir os gastos, e os resultados obtidos sejam totalmente nulos.

Até o rótulo de equipa que mais aposta na formação e devido à juventude do plantel esse argumento servir de desculpa do insucesso para os lados de Alvalade, nesta fase já não faz qualquer sentido. Pois o Sporting é de longe dos candidatos ao título a equipa com um 11 mais velho. Maniche (33), Liedson (33), Abel (32), Mendes (31) e Polga (31), são presenças habituais na equipa titular leonina. Sendo que no Porto apenas Hélton tem mais de 30 anos e o resto do 11 tem praticamente todo menos de 25 anos, e no Benfica, o caso é semelhante, com quase todo o 11 com menos de 25 anos à excepção de Aimar (31). Em suma, este actual plantel leonino construído por Costinha é velho e com um valor de mercado quase no zero, Carriço, João Pereira, Djaló e André Santos poderão ser a excepção, mas nenhum deles sairá do Sporting por  mais de 10 milhões de euros, e só o Porto e o Benfica no defeso transacto venderam jogadores por mais de 20 milhões, o que faz toda a diferença. Aliás só a venda de Hulk, Falcao, David Luiz ou Coentrão será certamente por um montante maior do que a venda conjunta de Carriço, Postiga, Liedson, Polga, Maniche, A. Santos, Mendes, João Pereira, Djaló, e Abel. E se só um jogador vale tanto como 10 titulares do Sporting, palavras para quê?

Falar no Sporting e no seu futuro é enigmático pois não se vê uma solução capaz de tirar os leões de "um buraco" cada vez mais fundo. O tempo passa, os dirigentes e jogadores continuam e a falta de títulos e qualidade (ou falta dela) também. Será o principio do fim? Quais os culpados desta situação? O que é necessário para o Sporting voltar à glória? 

PS - Ainda antes do primeiro jogo oficial dos leões, o Visão de Mercado mesmo correndo o risco de perder alguns leitores, preveniu os adeptos leoninos e do futebol em geral para a falta de qualidade do plantel do Sporting. Na altura, fomos duramente criticados, mas o tempo acabou por nos dar razão. Liedson só conta com um golo até ao momento no campeonato; Polga e Carriço continuam a demonstrar ser centrais banais, e o Sporting a equipa mais fraca ao nível das bolas paradas quer ofensivas como e principalmente defensivas na nossa Liga; João Pereira é facilmente ultrapassado defensivamente e Evaldo define sempre mal os lances ofensivamente; no meio campo Matias Fernandez continua sem se afirmar; e nas alas não há velocidade nem magia. Em suma, uma equipa baixa e de fraca qualidade.

PS (2) - Paulo Sérgio custou aos leões 600 mil euros, e apesar de tecnicamente já ter demonstrado algumas qualidades, a verdade é que a sua leitura ao nível do banco (substituições) é muito fraca, e claramente não parece ter sido a melhor aposta. Contudo, a verdade é que a direcção leonina não correspondeu aos seus pedidos para reforçar o plantel, e tendo em conta a banalidade do mesmo, fica a dúvida se outro técnico seria capaz de melhor. Outro pormenor que tem marcado o seu trajecto é a falta de coragem de tirar alguns jogadores do 11, o facto de ter de meter Maniche obriga-o a jogar com 3 médios de contenção, e na frente ao meter Liedson faz descair Valdés para uma das alas e com isso o Sporting perde a criatividade do chileno a jogar nas costas de Postiga, que coincidiu com o melhor período dos leões. 

Na era Bettencourt, o Sporting gastou 30 milhões em reforços, conheceu três treinadores, três directores desportivos, a época passada ficou a 28 pontos do 1º e a 23 do Braga (ou seja o argumento do orçamento não pode servir de desculpa), e esta época já perdeu pontos com equipas como o Nacional, Olhanense, Guimarães, Beira-Mar, Paços e Setúbal (neste caso para a Taça). E se tudo isto aconteceu em apenas um ano e meio, a pergunta que se impõe é: Terá Bettencourt a conduzir o Sporting para a banalidade?

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