O avançado João Tomás é um caso raro no futebol português. Num país onde o preconceito sobre a idade dos jogadores é ainda uma realidade, o ponta de lança do Rio Ave aos 35 anos consegue ser o 2º melhor marcador do campeonato, e o melhor português nas nossas Ligas profissionais.Com uma idade invulgar para um avançado se manter no top dos melhores goleadores, João Tomás procura ainda uma chamada à selecção nacional, que muito dificilmente irá suceder, apesar de Paulo Bento garantir que não olha a idades na hora de fazer a convocatória. No entanto, os seus concorrentes Hugo Almeida e Hélder Postiga têm menos 9 e 7 anos respectivamente, o que poderá ser um factor determinante para o seleccionador na altura da convocatória.
O Rio Ave resgatou-o ao Boavista da 2ª divisão, e se Carlos Brito não tivesse visto nele um jogador de enorme utilidade e garantia de 15 golos por época, talvez ainda por lá estivesse. Na primeira época ao serviço dos vila condenses, marcou metade dos golos da equipa na primeira volta, antes de regressar novamente ao Médio Oriente.
Com passagens por Académica, Braga e Benfica, João Tomás aos 35 anos não se sente diminuído em comparação com os avançados portugueses que actuam na selecção, pois os seus indíces físicos e técnicos não o comprometem nos jogos com adversários de maior qualidade que o Rio Ave. A época de 2000-2001, ao serviço do Benfica onde apontou 17 golos, abriu-lhe as portas do campeonato espanhol, e acabou mesmo por rumar ao Bétis de Sevilha. A passagem por Espanha não correu de feição ao avançado, e regressou ao nosso campeonato, respectivamente ao V.Guimarães onde apontou apenas 3 golos. Seguiu-se a transferência para Braga, onde alinhou 2 épocas e marcou 31 golos. Na época seguinte, resolveu rumar ao Médio Oriente, onde representou 2 clubes, o Al-Arabi e o Al-Rayyan. Em 2008/2009, o Boavista contratou o avançado, que foi recuperado pelo Rio Ave de Carlos Brito, seu actual clube. Pelo meio, mais uma passagem pela Arábia, no Al Sharjah dos Emiratos Árabes Unidos.
João Tomás é um típico avançado de área, sempre à procura de espaços vazios e bolas perdidas, muito bom no jogo aéreo e na facilidade que tem em jogar com os 2 pés. Com um trajecto marcado sempre por um casamento com os golos impressionante, não fosse a sua saída do Benfica, e entrando no capítulo do SE, a sua carreira e dimensão em termos de protagonismo interno e na própria selecção poderia ter tido outra dimensão. Aos 35 anos é a nível ofensivo a maior demonstração de eternidade a nível nacional da actualidade, seguindo o exemplo de jogadores como Manuel Fernandes, Nené, Jordão e Fernando Gomes, que já numa idade avançada continuavam a fazer furor na área adversária.