O novo princípe siciliano: Javier Pastore

Sim, a Serie A voltou a receber este Verão, de braços abertos, um dos maiores génios que passaram pelos relvados transalpinos na última década. O seu nome é Ibrahimovic. Mas, contrariamente ao sucedido em épocas transactas, e apesar da excelente temporada que tem efectuado até ao momento, o seu nome vê-se agora ofuscado pela genialidade de um jogador de quem se diz estar na senda dos pergaminhos deixados por Francescoli, Platini, Zidane ou, mais recentemente, Kaká. É também inegável que o  Calcio recuperou muito da credibilidade perdida pela chegada de mais um artista latino, de seu nome Robinho, que fez sonhar o público afecto ao Milan, confiantes em somar mais títulos ao seu já extenso historial. Falo, hoje, de Javier Pastore, a nova dama siciliana.

O argentino tem, paulatinamente, percorrido o seu caminho rumo ao estrelato mundial. Depois de ver o seu nome incluído na lista de Maradona para o último Mundial, o ex- Húracan, regressou em força neste primeiro terço de liga já jogado, assinando exibições de luxo e golos que correm o planeta à mesma velocidade (e facilidade!) com que dribla os seus adversários. Com exibições, absolutamente deslumbrantes. Ainda recentemente assinou um hattrick frente ao Catania, e o seu nome voltou assim a ser ventilado para reforçar os mais poderosos clubes europeus. No entanto, penso que a sua exibição mais estonteante aconteceu quando, numa visita do Palermo a Turim, Javier Pastore derrotou, quase sozinho, uma atónita equipa da Juventus.

As alcunhas colocadas a Pastore não tardaram a sucederem-se: “novo Zinedine Zidane” foi a forma escolhida, pelo presidente do clube de Palermo, para descrever a jovem pérola, a quem ele, não se coibiu de colocar já um preço: 50 milhões são a base negocial para todos os interessados. Por este preço, não é crível que o astro seja muito assediado por Barcelona, Real Madrid, Man.United ou até o Inter mas, parece-me, é uma cifra que poderá ser facilmente apresentada no decorrer da próxima silly season.

A sua elegância e aura com a bola nos pés são únicas – comparadas por companheiros e adversários, às apresentadas por Kaká nos tempos do Milan - que o próprio Pastore já disse ter como modelo para o seu jogo. Há claramente similiraridades entre o jogo de um e de outro, desde logo, a forma como conduzem a bola, a inteligência superior, e a magnífica técnica no terreno de jogo. Poderá argumentar-se que ainda é cedo para estabelecer comparações com jogadores que já deixaram a sua marca na Serie A, mas será justo dizer-se que, Pastore, é uma das mais entusiasmantes importações feitas pelo Calcio nos últimos 5 anos. Javier certamente que fará por confirmar o epíteto, continuando a fazer nome, não só na Sicília, como no resto do continente.

Infelizmente para o Palermo, é uma questão de tempo até o cintilante médio ser “roubado” por um dos maiores tubarões europeus. Onde veremos Pastore nos próximos tempos, não sei. A única coisa que eu, e todos os amantes do bom futebol, sabem, é que não lhe perderemos o rasto. Até lá, os adeptos sicilianos continuarão a ter uma razão extra para se deslocarem ao Renzo Barbera.

Será Pastore o sucessor de Zidane, Kaká, Francescoli e Platini, os médios ofensivos estrangeiros que nas últimas duas décadas e meia espalharam classe no Calcio? Por onde passará o futuro do argentino, agora que até é titular na sua selecção?

A.Borges

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